As doenças cardiovasculares são as principais causas de morte em pacientes acima dos 40 anos de idade, em todo o mundo. Segundo dados do Sistema Público de Saúde (DATASUS), no Brasil, apenas no ano de 2016, ocorreram quase 350.000 mortes em decorrência desta doença.
As obstruções nas artérias coronárias, aquelas artérias que irrigam o músculo do coração, são causadas pela doença aterosclerótica, as “placas de gordura”, e são as principais contribuintes para a elevada mortalidade das doenças cardiovasculares.
O diagnóstico da presença destas obstruções é realizado através da cinecoronariografia, o “cateterismo cardíaco”, um exame ambulatorial, realizado com anestesia local, por uma artéria do punho ou da virilha e, a depender do resultado, o paciente pode receber alta no mesmo dia.
Se constatada a presença destas lesões obstrutivas, o tratamento pode ser clínico (apenas medicações), cirúrgico (através da cirurgia de revascularização miocárdica com a utilização de pondes de veia safena e de artéria mamária) ou através da angioplastia coronária, na dependência de uma série de critérios médicos e da decisão conjunta entre equipe médica e paciente.
A angioplastia coronariana consiste na desobstrução da artéria coronária com o implante do stent, um pequeno dispositivo de metal que é liberado no local da “placa de gordura” e que tem a função de manter a artéria tratada aberta. O stent é utilizado na imensa maioria das vezes em que se faz uma angioplastia coronária. Este procedimento também utiliza uma artéria do punho ou da virilha e anestesia local, podendo ou não ser realizado logo após o cateterismo cardíaco e requer, geralmente, internação hospitalar por pelo menos 24 hrs após a intervenção.
Porém, em algumas situações, as obstruções coronárias estão localizadas na porção inicial das artérias, como por exemplo, no tronco da artéria coronária esquerda, o vaso inicial que dá origem as duas mais importantes artérias coronárias ou quando as “placas de gordura” possuem características que podem tornar a angioplastia tecnicamente mais trabalhosa, como por exemplo, a acentuada calcificação associada às “placas de gordura”.
Nestas situações, durante a angioplastia coronária, podemos utilizar dois tipos de dispositivos, constituídos por minúsculos cateteres que são inseridos de forma totalmente indolor e imperceptível pelo paciente, no interior das artérias coronárias, antes, durante e após o implante do stent, permitindo, in vivo, visibilizar a artéria coronária por dentro dela, como se estivéssemos fazendo uma “endoscopia” nestas artérias.
Esses dispositivos de imagem intravascular, que são o ultrassom intravascular e a tomografia de coerência óptica coronariana tem em comum a possibilidade de oferecer para o médico informações, com exatidão matemática, como as medidas do diâmetro coronário e o comprimento da obstrução permitindo a escolha exata do tamanho e comprimento do stent; as características da “placa de gordura” e a quantidade e localização do cálcio em seu interior, possibilitando a realização do preparado adequado da obstrução antes do implante do stent e, após o implante do stent, as imagens fornecidas por estes dispositivos permitem saber se o stent esta adequadamente implantado ou se necessita de dilatações adicionais.
Portanto, estes dispositivos otimizam o resultado da angioplastia com o implante do stent, aumentando a segurança do procedimento e melhoram os resultados deste tipo de intervenção quando comparados a angioplastia realizada sem a utilização dos mesmos.
Além disso, algumas injeções de contraste iodado administrado regularmente durante a angioplastia coronária podem ser substituídas pelo ultrassom intravascular, reduzindo o volume final de contraste durante a intervenção, diminuindo a chance de complicações inerentes ao contraste em pacientes que são susceptíveis, como os idosos, diabéticos e portadores de insuficiência renal.
Ambos dispositivos de imagem intravascular estão disponíveis para nossa utilização diária no Serviço de Medicina Intervencionista do Hospital Israelita Albert Einstein. O ultrassom tem sido utilizado desde o início da década de 90 e a tomografia de coerência óptica intracoronária desde o início dos anos 2000 e, a escolha entre um ou outro dispositivo durante o procedimento, está baseado em uma série de características técnicas e anatômicas e é decidido pelo médico que realiza o procedimento.
REFERÊNCIA:
JUNIOR, Mariani José. Hospital Israelita Albert Einsten. Disponível em <www.einstein.br/noticias/noticia/doencas-cardiovasculares-uma-das-principais-causas-mortalidade>